Anúncio e Diálogo: novos caminhos para a Igreja na Amazônia

Published : 30 September 2019

“As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens e das mulheres de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem” (GS 1).

O Sínodo dos Bispos sobre a Amazônia, convocado pelo papa Francisco para outubro próximo é realizado em dimensão missionária e de evangelização. Nessa realidade peculiar, encontram-se povos Indígenas, ribeirinhos, afrodescendentes, migrantes moradores das cidades, das florestas, dos beiradões e rica biodiversidade. O novo caminho para a Igreja é AMAZONIZAR para depois nascer a partir desse chão e realidade. Amazonizar é também ESPERANÇAR, como sinal de esperança e alegria, de sintonia profética no campo econômico, político e social à luz do Evangelho de Jesus.

Esse caminho novo de conversão se faz marcado pela autodefinição e identidade da escuta. “O pecado manifesta-se hoje, com toda a sua força de destruição […] nas várias formas de violência e abuso, no abandono dos mais frágeis, nos ataques contra a natureza” (LS, 66). A proposta no clamor amazônico se renova e exige respostas diferentes e criativas. Que nos detenhamos agora a refletir sobre os diferentes elementos de uma ecologia integral... ambiental, econômica e social” (LS, 137-138)

Ainda hoje, há muitas denúncias de perseguição e mortes de lideranças que, em vez de serem apoiadas e incentivadas são criminalizadas como inimigas da Pátria. Temos um tempo difícil e de desânimo, e sabemos, não é fácil a cura de epidemias sociais, mas a nossa missão evangélica, em dimensão sócio transformadora nos convida e envia.

O Povo de Deus, do campo e das cidades, das florestas e dos rios, de todos os lugares, clamando justiça, direitos, paz, educação, saúde, segurança e todas as dimensões que perpassam a condição humana intermediada pela natureza ameaçada nesta grande Amazônia reuniram-se nas comunidades, nas rodas de conversa, nos fóruns e seminários e nas Assembleias Sinodais Territoriais à luz da fé, do julgar, agir e celebrar. Fizeram-se protagonistas de apostolado, iluminando esse evento sinodal não apenas para a Igreja da Amazônia com seus povos, mas também toda a Igreja universal (Papa Francisco).
O olhar aberto para a Amazônia nos motiva a caminhar nesse lugar teológico, ecumênico, e plural. Sobretudo, nos indica o dever de preservar a vida, a partir do respeito e proteção ambiental frente ao impacto gerado pela dramática degradação. A região Amazônica possui em extensão 7,8 milhões de Km², equivalente ao território da Austrália. Também, outros países são abrangidos pela floresta. Nela, três milhões dos 33 milhões de habitantes são indígenas, e pertencem a 390 grupos. Como são vistos esses indivíduos? Que tipo de sociedade vem sendo articulada para garantir a sobrevivência de culturas humanas, tradições, conhecimentos e biodiversidades?

A Casa Comum é de todos, tudo é interligado! Em diálogos e entendimentos lúcidos, a Igreja celebra um movimento de encontro e estudo com a presença de dezenas de representantes dos povos amazônicos no Vaticano. “É tempo de derrubar todos os muros, espalhar Justiça e Paz.” – Papa Francisco, maio de 2017/ Portugal).

Num mesmo pensamento, a nossa leitura dinâmica e ação missionária dominicana caminha, em “advertência aos poderosos e esperança para os empobrecidos”, fiel ao testemunho profético de Antônio Montesino, Bartolomeu de Las Casas, Tito Alencar, Dom Pedro Casaldáliga, Henri Burin des Roziers, Irmã Dorothy Stang, Revi, Tomás Balduino, Chico Mendes e tantos outros e outras. Somos Igreja em Saída, em diferentes línguas, hábitos e culturas, abrindo novos caminhos à luz da Pregação e da ecologia integral. Sustentamos o apoio ao Papa Francisco em seu testemunho de renovar a Igreja e assumir os clamores dos pobres, pela denúncia das injustiças e atrocidades que vem sendo cometidas em nosso país, em todo o mundo. Sim, podemos encontrar-nos, reencontrar-nos, abraçar-nos, confraternizar-nos, celebrar-nos, afirmando as nossas lutas pela promoção humana e integral.

Ir.Luciana Vinícius de Souza

Oração a Nossa Senhora da Amazônia!
Maria, querida mãe de Jesus e nossa, nós te saudamos com as palavras do anjo Gabriel e de Isabel. Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo, bendita és tu entre as mulheres... Nós, habitantes desta região amazônica, pedimos tua intercessão junto a Deus Pai, Filho e Espírito Santo em favor dos povos aos quais pertencemos. Indígenas, ribeirinhos, afrodescendentes, migrantes moradores das cidades, das florestas e dos beiradões, pedimos a graça de respeitarmos nossas diversidades e sermos nelas respeitados. Pedimos a bênção de sermos unidos por laços de solidariedade e fraternidade. Que nossas diversidades não nos separem, mas nos complementem! Que tenhamos o rosto de Deus que é um só em três pessoas.