Hontanas (2ème partie) : la présence de la CRSD
parmi les pèlerins vers Compostelle

Published : 23 August 2022

Du 10 au 17 août, des sœurs et des es laïques, de différents pays et continents, ont participé au projet Hontanas, en Castille et Léon (Espagne), pour accueillir les pèlerins sur le Chemin de Saint-Jacques-de-Compostelle. Voici des échos et des photos.

Hontanas : chemin de confiance et de communion.

«Que fais tu ici?» (1Rois 19,9). C’est avec cette question adressée au prophète Elie dans le Premier Livre des Rois que nous avons prié avec les pèlerins vers Compostelle. Cette question aide non seulement les pèlerins qui prient avec nous à réfléchir sur le sens et l’objectif pour lequel ils se sont mis sur le chemin de Santiago mais également elle nous interpelle sur l’objectif de notre présence. Les réponses à cette question sont surprenantes et diversifiées. En ce qui me concerne j’ai vécu une expérience missionnaire internationale et interculturelle. J’ai rencontré le Christ vulnérable dans la personne des pèlerins qui font l’expérience de la fragilité humaine.

Quand aux pèlerins, certains nous ont confié qu’ils marchent pour intercéder pour leur proche et pour eux-mêmes pour que leurs vies changent. D’autres prennent le chemin de Santiago de Compostela pour vivre un temps de rupture et faire après du neuf dans leur vie. D’autres encore accompagnent simplement un ami ...

Mais alors c’est quoi cette expérience ?

Avant de répondre à cette question, il faut noter qu’à Hontanas (petit village à environ 430 kilomètres du sanctuaire de Santiago), les jours se suivent mais ne se ressemblent pas. Chaque jour nous faisons une expérience différente.

Nous sommes un peuple qui marche. Le chemin de Santiago est une école de la patience, du courage, de l’amitié, et de l’humilité. Ce sont là des qualités nécessaires pour aller jusqu’au bout.

Persévérance : elle permet aux pèlerins de continuer la marche malgré la fatigue et les difficultés du chemin.
Patience, pour marcher à son rythme.
Courage, pour affronter la route malgré les blessures et la douleur aux pieds.
Amitié: des amitiés se tissent entre pèlerins qui se rencontrent en chemin et avec nous qui les accueillons.
Humilité, pour prendre les pieds d’un inconnu et les masser ou laisser masser ses pieds par un inconnu.

Cette expérience missionnaire vécu après un temps de formation internationale m’a permis de vivre l’interculturalité qui a fait objet de réflexion au cours de la formation permanente.

sœur Victorine Seke
Vicariat du Bénin


Hontanas est un petit village non loin de Valladolid. Ce petit village se situe en Espagne, dans la communauté autonome de Castille et Leon. J’ai la joie de fait partie des participantes de cette année.
Aujourd’hui je peux parler un peu de ce lieu. J’ai découvert la simplicité, la confiance, la persévérance, la patience et le courage dans les personnes qui font le chemin de Saint Jacques de Compostelle de diverses nationalités. J’ai découvert la danse contemplative. J’ai appris comment se pratique la réflexologie plantaire. J’ai apprécié la collaboration, l’organisation, la communion et l’attention du groupe.

sœur Rosemonde Gboyo
Vicariat du Bénin


Pour moi, double première expérience : d’accueil des pèlerins de Saint-Jacques et de petite communauté internationale temporaire : 6 sœurs, dont 3 espagnoles, 2 béninoises et moi-même, et des laïques, 2 venues du Brésil, et une infirmière, espagnole.

Les personnes qui acceptent notre service de massage, parfois la prière, en sont reconnaissants : recevoir leur gratitude et leur témoignage – de vie et de marche – est gratifiant : Dieu se fait toucher. Nous sommes heureuses, aussi, de n’avoir rien à attendre en retour : si nous travaillons pour le Seigneur, l’œuvre reste Son œuvre. C’est peut-être là notre meilleur témoignage rendu à l’Evangile.

Des questions que je me suis posée :
1) Parfois nous ne pouvons pas parler avec ceux qui se confient à nos mains, faute de connaître leur langue. Dans quelle mesure cette pauvreté peut-elle nous permettre de vivre et de témoigner du Christ ?
2) Si nous voulions prolonger cette expérience d’internationalité entre nous, comment pourrions-nous la vivre dans une réelle interculturalité ? Et la mission d’accueil des pèlerins sous cette forme suffirait-elle à notre vie dominicaine ?

sœur Jacqueline Richard
Vicariat d’Italie


A missão em Hontanas, começou no meu país, como leiga dominicana da Fraternidade Santa Catarina de Sena. Fui orientada espiritualmente e ajudada financeiramente pelo amigo da irmã Solange, nossa orientadora pelo carisma de São Domingo de Gusmão.

Fiz uma formação muito importante em Salamanca com religiosas dominicanas, de vários países, para que minha jornada de caminhada como missionária acontecesse.

Foi muito rico o acolhimento da comunidade das missionárias que eram 6 religiosas e 2 leigas, de países e cultura diferente. Foi uma experiência gratificante, cheio de aprendizado. Vendo os peregrinos chegando com aparência de cansaço, dor, e, ao mesmo tempo com sebrante de alegria, por ter cumprido sua meta, eu compartilhava da sua felicidade. Havia uma imensa gratidão em seus olhos, quando fazia massagem em seus pés. Escutava o que eles falavam, usando seus gestos, sorrisos e mãos. Eram de vários países. Sentir um imenso amor por eles, lembrei-me de Jesus em peregrinação com seus discípulos. Percebi que eram muitos solidários, uns com os outros.

Fizemos uma caminhada de mais o menos (16 km), no caminho de Santiago, colocando-se no lugar do peregrino, e sentir que quanto mais eu caminhava, mais queria avançar no caminho, sentindo a energia dos peregrinos.

Durante o dia, nossa comunidade preparava espiritualmente em oração e troca de experiência, para que as 17 horas, começar a nossa missão.
As 18:00 horas, era o horário de lermos uma passagem da Bíblia com os peregrinos que quisesse participar, fazendo uma reflexão.
As 20:15 horas, fazíamos uma roda de dança, abençoando a terra, uns aos outros, pelo nosso passado, nossa história e abençoando nós mesmo, com os peregrinos que quisesse participar.

O encontro com os peregrinos é servir aquele que necessita de um sorriso, uma palavra de fé e coragem, esperança e solidariedade.

Luci das Graças Morais (Fraternidade Santa Catarina de Sena)
MG / Belo Horizonte, Brasil


Quando fui convidada por Irmã Solange para ir para a Missão em Hontanas eu disse «SIM» e mesmo sem pensar, vi que minha missão havia começado a partir deste «SIM».
Dias depois de aceitar, comecei a ficar em dúvidas se ia ou não. As preocupações começaram a tomar conta de meus pensamentos. Os trabalhos e compromissos aumentavam e eu já estava sentindo a angústia de saber que devia ir e ao mesmo tempo achar que não deveria ir mais.
Meu SIM foi fortalecido por várias pessoas que me rodeavam e me ajudavam a me manter firme na decisão.
Entendi nesta etapa que quando Deus me pede uma resposta devo me abrir para aceitar a ajuda de outras pessoas pois, esse foi jeito que Deus encontrou para me transmitir Sua força e eu não recuar do SIM.

Antes de ir para Hontanas, Luci (minha outra companheira de caminhada) e eu, ficamos dois dias na comunidade em Valladolid e lá, além de conviver com as Irmãs senti que mesmo que tivéssemos programado algo, devíamos estar aberta para os acontecimentos e usufruir com leveza, prazer e solidariedade do que viesse a acontecer.
Ali decidi que qualquer coisa que acontecesse eu ia participar, aprender, saborear, compartilhar, ajudar. Assim, me coloquei aberta para tudo.

Após Valladolid participamos do encontro em Salamanca cujo tema foi Interculturalidade. Além do conteúdo, a vivência com várias irmãs dominicanas de várias partes do mundo me fizeram sentir pertencente a uma grande família muito diversa, simples, comprometida com os cuidados da VIDA.
O encontro foi a grande chave de abertura para que o vínculo com as Irmãs se criasse e eu me colocasse a disposição integralmente para a vivência em grupo em Hontanas. Ali em Salamanca eu já sentia que devia ir disposta para aprender e servir a vida com total entrega não importando o que viesse a acontecer.
Em Salamanca senti fortemente o poder da comunicação que acontece através da fala, do toque, do olhar, do cheiro, da ajuda da outra. Éramos muitas e ao mesmo tempo éramos UMA – a Família Dominicana.

Próxima etapa da Missão: ir para Hontanas. Em meu ser isso era parte da etapa missionária e foi surpreendente. Lá, tudo fazia parte da grande Missão: a convivência, as diferentes culturas presentes na alimentação, nos idiomas, na vestimenta, nos horários, nas diversões, nas orações, no jeito de viver o silêncio, na partilha e no olhar umas sobre as outras. Detalhes que eram muito importantes pois o cuidado com cada um gerava a harmonia para o todo.
Ir ao encontro dos peregrinos na frente da Igreja foi aprender a não viver expectativas pois, cada dia era diferente não só em relação aos peregrinos mas também em relação a nós mesmas; d@s peregrin@s que chegavam vivíamos a surpresa do ENCONTRO pois, nada era igual e nada se repetia. Em tod@s se via o desejo de ser melhor, viver mais, amar a vida intensamente, encontrar-se a si mesm@.
Tocar os pés d@s peregrin@s e nossos próprios pés era para mim um momento sagrado pois os pés além de revelarem nossas fragilidades corporais também revelam nossa humildade ao nos permitirmos ser cuidad@s.
Poder reanimar um(a) peregrin@ através da massagem nos pés era também reanimador para meu SER Missionária nesta vida.

A experiência vivida na caminhada de 16 Km que fizemos me mostrou que para mim estava fácil fazer 16 km. Eu tinha força, saúde, agilidade, água. Mas comigo caminhavam mais 7 pessoas e cada vez que eu olhava para trás ouvia o apelo de que a caminhada nesta vida, não se faz só. Em vários momentos avancei só. Em outros recuei para esperar. Em outros fiquei atrás para apoiar e assim, todas chegamos bem.

A Missão, desde o momento que eu disse SIM, até o momento que retornei para casa expandiu minha vida, me deixou mais solidária, amorosa, aberta para escutar os sinais, cuidadosa comigo mesma e com a vida nas diferentes formas.

A missão na Espanha (Valladolid, Salamanca, Hontanas), começou em minha casa com uma ligação telefônica e abriu um mundo de vontades, sonhos, buscas, perspectivas que dia após dia procurarei alimentar para que cada passo de meus dias sejam uma resposta ao ser Missionária que a vida me pede.
A missão me fez olhar para os pés e olhar para a terra, tocar nos pontos mais frágeis, doloridos de cada ser e da própria terra sentir que nesta vida muitas são as bolhas que nos impedem de ir um pouco mais. Ao mesmo tempo ver que precisamos de muitas pessoas para que um processo de cura e de caminhada libertadora, regeneradora, curativa aconteça e possamos viver a VIDA em plenitude.

Obrigada Irmãs Dominicanas. Com vocês coloco-me a caminho rumo a TRANSFORMAÇÃO.

Ivone Maria Perassa (Fraternidade Dominicana)
MG, Brasil